Esperar mais 13 meses
Num ano particularmente atípico no recomeço de todas as atividades no final de férias parece que o que nos espera mais para o final do ano, no que respeita á pandemia da covid-19, não augura nada de bom. Mas sejamos pelo menos otimistas porque é o mínimo que se pode desejar.
Quanto ao resto e particularmente na política, nada de novo. A não ser o mais que evidente e crescente nervosismo, ou talvez mais uma “jogada” bem urdida pelos governantes, com a ameaça de uma crise política, no caso da não aprovação do Orçamento do Estado para 2021.
Vistas bem as coisas, e pelo que já conhecemos, como a grave crise económica e social que se degradará ainda mais nos próximos meses pelo descontrolo do défice orçamental e da dívida pública, o governo terá que enfrentar as reivindicações dos sindicatos e de alguns partidos políticos da oposição.
É por isso que, neste cenário de crise de repercussões imprevisíveis em todas as suas dimensões, não vale a pena falar em crise política pelo chumbo do OE para 2021, porque tal aprovação estará mais que garantida, mesmo que só com os votos a favor do PS e a abstenção do BE, num cenário de voto contra dos restantes partidos.
Por outro lado temos, ainda, o empenho redobrado do presidente da República a pensar na sua reeleição logo a seguir no mês de Janeiro. Por isso, falar de crise política não passa de uma tática de dramatização que faz parte dos manuais da política já muito em descrédito.
Ao nível local, ao não se poder falar de uma crise política que ponha em causa o cumprimento do mandato que ocorrerá em Outubro de 2021, o mesmo é dizer que vamos ter que esperar mais 13 meses de autêntico pesadelo, por tão confrangedora gestão municipal que, se houvesse o mínimo de exigência pelo cumprimento das regras de um Estado de Direito, este executivo municipal jamais cumpriria os seus quatro anos de mandato!
Já afirmei muitas vezes que os partidos políticos são a base do nosso regime democrático, embora não limitado a eles, como no caso do poder local. Mas hoje, há pessoas do PS local que abdicaram da sua identidade e das suas convicções, ao permitirem a sustentabilidade de práticas que nem antes do 25 de Abril aconteciam!
É deveras confrangedor vermos pessoas que pela sua honestidade e honorabilidade acima de quaisquer suspeitas continuem a proteger, “legitimar”, apoiar e colaborar politicamente, com práticas que colidem com direitos, liberdades e garantias, em violação flagrante com a nossa CRP (Constituição da República Portuguesa). Mas esses serão responsabilizados politicamente!
Ora aqueles que, ao serem militantes do PS, que se dizem contrários a tais práticas, ao nada fazerem para reverter tais procedimentos e, pior ainda, por não se conhecer qualquer censura pública por tais práticas, só porque aguardam que o tempo passe depressa para que o poder lhes caia no colo, são cúmplices de tais atos. Tal silêncio não é merecedor da confiança dos barcelenses, por não contribuírem para a reposição da governabilidade do Município num exercício de cidadania.
Já aqui referi várias vezes que o BTF não é uma fação do PS, nem tão-pouco se orienta para ser poder pelo poder; por egoísmo; ou porque sim…
O que o BTF deseja é que os barcelenses escolham quem merece representá-los na gestão municipal. O BTF está aberto e disponível para cooperar e, acima de tudo, consciente que Barcelos não pode voltar a falhar. O candidato do BTF à Câmara Municipal será aquele que reunir melhores condições para ganhar nos limites da Lei e do interesse geral. Não importa se é o António, o Manuel, o Joaquim a Maria, ou as Marias… Esta posição e motivos foram, são e serão os princípios orientadores do BTF na defesa dos superiores interesses de Barcelos e dos barcelenses.
Domingos Pereira – vereador do BTF na C.M Barcelos.
Com a edição de 10 de setembro de 2020, do Jornal Barcelos Popular.