Quando me sentei em frente ao computador para escrever este artigo de opinião, confesso que não tinha vontade nenhuma para escrever o que quer que fosse sobre a covid-19.
Não pelo medo que tal doença pode causar, incluindo a morte, mas porque as televisões, rádios, jornais, revistas e redes sociais dedicam quase a totalidade das 24 horas diárias a noticiarem tamanha pandemia. E diga-se em abono da verdade que não é caso para menos! Contudo, pode ser perigoso quando são prestados esclarecimentos por pessoas sem o mínimo de preparação técnica e científica, para alertar os cidadãos sobre a perigosidade de tal pandemia, em detrimento das autoridades sanitárias e políticas do país, estas sim, legitimadas para as tomadas de decisões em cumprimento das regras estabelecidas tidas por conveniente.
Mas mais perigoso ainda é o comportamento de algumas pessoas ou instituições públicas responsáveis pelas orientações dos comportamentos higiénico-sanitários que os portugueses têm que obedecer, quando os próprios é que prevaricam!
Ainda permanece tudo muito confuso, ainda mergulhados em muitas incertezas quer quanto às repercussões sanitárias, quer quanto às graves consequências económicas, políticas e muito particularmente as sociais que, infelizmente, todos teremos que enfrentar e resolver.
Muito tem sido feito, é certo, mas muito se tem dado a entender que muito é feito, sem nada se fazer… Já disse noutras crónicas que estamos em tempo de cooperação e de disponibilidade em colaborar em tudo quanto for possível colaborar, numa lógica de serviço público e do bem geral. Mas nunca por quaisquer tentativas de aproveitamento político à custa de quem sofre e de quem é mais vulnerável.
Seria muito pior e de uma irresponsabilidade tremenda, se cada um de nós nos alheássemos da responsabilidade cívica e de cidadania enquanto eleitos locais. A democracia não foi suspensa e muito menos entrou de quarentena! Tenho feito muitas propostas no seio do executivo municipal que darei a conhecer no tempo da discussão política e da reflexão crítica que é necessário fazer. Há problemas muito graves por resolver no nosso concelho; medidas que não foram nem estão a ser tomadas. Muitos delas sem retorno porque não são consequência direta da covid-19 mas que dela possam resultar, com consequências irreparáveis para Barcelos; muitas coisas que deveriam ter sido feitas principalmente no apoio às famílias, absolutamente necessárias para minorar a crise terrível que se avizinha. O município tem obrigação e condições para agir. Todos temos consciência que o pior está para vir…
Há uns dias atrás, e ao arrumar uns papéis que vamos acumulando ao longo dos anos, muitos ainda do tempo da universidade, deparei-me com uma frase do famoso Físico Albert Einstein: “Faça as coisas o mais simples que você puder, porém não se restrinja às mais simples.” Ora, se já era preocupação de Einstein por quem se ficasse pelas coisas mais simples, em vez de contribuir para algo mais: novas respostas; novas soluções; capacidade adaptativa para responder às realidades que se colocam em cada momento; descobrir novas coisas, novas ideias… O que diria Einstein de quem não fez nem faz as coisas mais simples porque se ficam em não fazer, literalmente nada!
Domingos Pereira – vereador do BTF
Com a edição de hoje, 23 de abril de 2020, do Jornal Barcelos Popular