É, portanto, com o respeito pelo cargo e pela responsabilidade que as funções de presidente de câmara exigem, que o BTF ainda não apresentou nenhum nome ou nomes (e só haverá mesmo um) porque, quando e fizer, muito brevemente, será alguém que se disponibilizará para servir Barcelos e os barcelenses numa lógica de dever, de serviço público e de despreendimento.
Satisfazer os egos
Com o aproximar do fim do ano, tanto a governação do país como a governação das autarquias concentraram-se na aprovação dos seus orçamentos e, dentro dos seus limites, perceberem quais as políticas que melhor se possam adaptar às despesas mais visíveis, num horizonte temporal até outubro de 2021. Mês e ano de autárquicas.
Ao governo central do PS e ao PSD na oposição e, por paradoxo que possa parecer, um e outro estão, ou estarão, dependentes dos resultados das autárquicas. Porém, o governo quererá manter, também, a sua popularidade relativamente à forma como tem gerido a pandemia (a avaliar pelas sondagens disponíveis) e tentar “disfarçar” a crise económica e social que se agravará; ter um bom desempenho na presidência da União Europeia, que decorrerá no primeiro semestre de 2021 e, a partir daí, começar a “luta” na busca de hipotéticos consensos para o OE/2022, mas sem descorar as autárquicas.
A oposição (mais do PSD), tudo jogará para preparar o partido e o país para a eventualidade de haver uma crise política para depois das autárquicas, dependendo sempre de um bom resultado, o que equivale a reconquistar muitas das autarquias perdidas em 2013 e 2017.
Portanto, para estes partidos (PSD e PS), as eleições presidenciais de janeiro para nada servirão do ponto de vista do seu ciclo eleitoral. Só as legislativas (antecipadas?) para depois das autárquicas de outubro se, entretanto, o PSD tiver um bom resultado ou, então, arriscando-se a uma luta interna em busca de um novo líder para preparar 2023.
Este é aligeirada, e sucintamente, o quadro político que poderá ocorrer de acordo com o interesse das estratégias nacionais.
Mas há, de acordo com as “lutas” e interesses locais, posições que podem baralhar as “contas” das direções nacionais. Naturalmente que haverá, na maioria dos casos, candidaturas mais ou menos pacíficas e consensuais, mas que noutras serão autênticas “dores de cabeça”.
Em Barcelos, à medida que o tempo corre e a escassos 10 meses das autárquicas de outubro, as candidaturas cujos nomes circulam pelas ruas da cidade e esplanadas de cafés, mesmo em tempo de distanciamento social avolumam-se, e até divulgadas pela nossa comunicação social local.
Numa semana aprece uma mão cheia de nomes, ora de um partido, outra de outro (PS e PSD), onde cada um vai esgrimindo os seus argumentos individuais, quando sabemos que o que move verdadeiramente alguns dos hipotéticos candidatos é o interesse pessoal, onde cada um corre para si sem que, muitas das vezes, tenham feito qualquer coisa de relevante quer profissional, quer politicamente! É isto o que se passa…
Mas, o que cada um deve fazer, de uma vez por todas, é colocar-se no lugar dos barcelenses, e tentar perceber o que é que está bem e o que é que está mal; o que é que foi feito e não o deveria ter sido; e o que é que não foi feito e o deveria ter sido. Sem esquecer, claro está, quem deve responder politicamente pela situação que se vive no nosso concelho, quer no exercício do poder ou em legitimá-lo. E, por isso, dever ser responsabilizado politicamente! Um executivo municipal não é só o seu presidente! Ou é? Acho que não…
Portanto, não são precisas tantas escolhas, tantas candidaturas, tantos nomes… Não basta satisfazer os egos de cada um. É preciso, acima de tudo, uma coisa muito simples: ter humildade política suficiente que, para além das legítimas aspirações individuais de cada um, o mais importante é saber dos seus limites e das suas condições para se apresentar aos barcelenses.
É, portanto, com o respeito pelo cargo e pela responsabilidade que as funções de presidente de câmara exigem, que o BTF ainda não apresentou nenhum nome ou nomes (e só haverá mesmo um) porque, quando e fizer, muito brevemente, será alguém que se disponibilizará para servir Barcelos e os barcelenses numa lógica de dever, de serviço público e de despreendimento.
Domingos Pereira – Vereador na CM de Barcelos.